Coolritiba: um encontro de almas

Era sábado, 13 de maio de 2017, tinha tudo para estar frio e chovendo, mas não: Curitiba tinha amanhecido ensolarada, em um daqueles dias de céu azul que não tem uma nuvem sequer. Era dia da primeira edição do Coolritiba, o festival que une música, arte e sustentabilidade.

Não sabia-se ao certo o que esperar do festival no quesito estrutural, se o que encontraríamos seria algo que combinava com o propósito ou que tipo de público estaria na Pedreira Paulo Leminski, local escolhido para o evento.

Parece que a paz, a tranquilidade e o amor estavam exalando no ar. Foi isso que se sentiu durante todo o Coolritiba. Com atrações como Clarice Falcão, Criolo e Novos Baianos, o público se dividia em gerações, gostos e uma harmonia jamais vista em um evento realizado em Curitiba.

Andando pelos metros da Pedreira, você encontrava: amigos dançando em grupos, pessoas apaixonadas se declarando ao som de Anavitória – uma das atrações –, crianças se divertindo entre as estruturas montadas e até pessoas sozinhas, sentadas em um pano esticado em cima das pedras.

A impressão que se tinha era que estávamos em um domingo, no Parcão do Museu Oscar Niemeyer. Era tudo tranquilo, amigável e lindo, muito lindo.

Shows

O combinado era que às 14h30 teríamos a primeira atração, e assim aconteceu. Pontual, Clarice Falcão subiu no palco principal e cantou para aqueles que chegavam. Tudo acontecia na maior calmaria. Clarice cantava e o pouco público presente no horário aproveitava o sol, o calor, os amigos, a música, e passeava pelo entorno. Os mais fãs se espremiam nas grades e entoavam as canções de “Problema Meu”, último álbum lançado pela cantora.

Quando um show terminava, o público se dispersava e ia comer, andar, tirar foto, conversar ou apenas se jogar em suas cangas e deitar ali mesmo, no meio de todo mundo, sem medo de ser feliz.

Todos pontuais: foram assim os mais de 16 shows que se dividiram em palco principal e palco Arnica, montado bem na entrada da Pedreira Paulo Leminski, espaço que pareceu pequeno quando recebeu a apresentação do grupo paulista Francisco El Hombre.

O dia continuava quente e com um sol que lembrava muito um sábado de verão curitibano. A cantora Céu se apresentou no palco principal. Logo em seguida, A Banda Mais Bonita da Cidade, curitibana, tomava conta do festival com a participação de Paulo Miklos, ex-vocalista da banda Titãs.

fotos: Fernando Favero / Curitiba Cult

“Cabe até o meu amor, cabem três vidas inteiras”, era “Oração”, música que levou o nome da Banda Mais Bonita para o Brasil e que parecia se encaixar muito bem naquele momento. Era tudo que o público presente queria ouvir e sentir. Amigos se abraçavam e cantavam juntos, muitos choravam, mas todo mundo ali parecia estar sentindo a mesma sensação.

A noite chegou, a Pedreira Paulo Leminski foi iluminada, e o palco ganhou o céu de Anavitória, duo que ganhou espaço no cenário musical no ano passado. Entre acordos românticos e doídos de “Agora Eu Quero Ir” e “Singular”, celulares eram levantados, todos gravando áudio das músicas aos gritos de “amigo(a), você tinha que estar aqui”.

Anavitória entregou o céu à curitibana Karol Conká, que soube aproveitar. O público não parecia cansado, irritado ou julgando uma atração ou outra. A cantora, dona da single “Tombei”, preparou o campo para as apresentações que ainda passariam por ali.

Logo em seguida, passaram os rappers Projota e Criolo.

Projota, por sua vez, tem uma história bonita com Curitiba – chegou a gravar seu DVD aqui na capital, em 2011, no extinto Curitiba Master Hall. Não decepcionou: se jogou no público, fez um rap de improviso e gritou “Curitiba, tu é foda”.

Criolo era a penúltima atração do palco principal e uma das mais esperadas. O público chegava mais perto do palco, cantava e gritava ao som de “Não existe amor em SP”. Mesmo o término da apresentação tendo sido repentino, ninguém pareceu se importar.

Após o rapper, chegou o momento que muitos ali esperavam: pela primeira vez em Curitiba, o grupo Novos Baianos se apresentava em um palco tão especial quanto o da Pedreira. “Viva Leminski”, gritava um dos integrantes do grupo.

No começo da apresentação, aconteceu o que todo mundo imaginava, mas achava que não aconteceria: a chuva chegou. O público pareceu se importar? Nem um pouco! Parece que aquilo fechava com chave de ouro o dia perfeito e maravilhoso que todos vivenciaram, parecia que a chuva limpava a alma.

Já passava da meia-noite quando a primeira edição do Coolritiba chegava ao fim. Ninguém queria ir embora, ninguém queria que aquela sensação acabasse. Parece que o festival conseguiu atingir a proposta: um lugar de atitudes que mudam o mundo.

A primeira edição se foi e a pergunta que não quer calar é: falta muito para a segunda edição do Coolritiba? Vem, 2018! Vem que estamos preparados para viver toda essa paz novamente.

O Coolritiba em 2018, acontecerá no dia 05 de maio, no mesmo palco que ali recebeu almas apaixonadas, na Pedreira Paulo Leminski. Você pode conferir aqui todas as informações.

Por Augusto Tortato
15/05/2017 11h59